
Felice Casorati, Abbandono, 1929, Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea, Torino
Lasciai cadere il tempo sul tuo nome,
come si adagia il marmo sulla terra e
l’acqua si sparge sulle braci. Mi vestii
di lutto come le donne che disfano
le culle vuote da tanto le guardano; e vidi
il sangue scendere finalmente sulla ferita,
come la cera che si rapprende sul palmo della mano
prima di perdersi nelle dita in polvere. Se
ti dimenticai, fu perché volli qualcuno che mi
chiamasse, un corpo che fosse un altro sul mio
corpo, una voce offerta per la mattina. Ma
niente, ma nessuno. Se il tempo non si
fosse abbattuto sul tuo nome, avrei potuto
almeno ora ricordarti – poiché non c’è
lapide senza corpo né cenere che non abbia
arso. E la casa è oggi più fredda che
mai: lasciai passare il tempo sul tuo
nome, e non c’è focolare, non c’è nido, non ci sono
figli che si possano perdere da me, né
candele per riempire di memoria questo silenzio.
Maria do Rosário Pedreira
(Traduzione di Mirella Abriani)
dalla rivista “Poesia”, Anno XXV, Ottobre 2012, N. 275, Crocetti Editore
***
«Deixei cair o tempo sobre o teu nome»
Deixei cair o tempo sobre o teu nome,
como se deita o mármore sobre a terra e
a água se derrama sobre as brasas. Vesti-me
de luto como as mulheres que derrubam
os berços vazios de tanto os olharem; e vi
o sangue calar-se finalmente sobre a ferida,
como a cera que endurece na palma da mão
antes de perder-se nos dedos em poeira. Se
te esqueci, foi porque quis alguém que me
chamasse, um corpo que fosse outro no meu
corpo,uma voz oferecida pela manhã. Mas
nada, mas ninguém. Se o tempo não se
tivesse abatido sobre o teu nome, podia ao
menos agora recordar-te – pois não há
laje sem corpo nem cinza que não tenha
ardido. E a casa está hoje mais fria do que
nunca: deixei passar o tempo sobre o teu
nome e não há lareira, não há lar, não há
filhos que se pudessem perder de mim, nem
velas para encher de memória este silêncio.
Maria do Rosário Pedreira
da “Nenbum Nome Depois”, Gótica, Lisboa, 2004